Espaços de valor arquitetónico de Vila Nova de Gaia foram visitados no âmbito do Open House
Doze espaços arquitetónicos de Vila Nova de Gaia abriram as portas ao Open House, evento que se realizou este fim de semana e registou cerca de 20 mil visitas aos 65 espaços abertos nos quatro municípios envolvidos, Maia, Matosinhos, Porto e Vila Nova de Gaia.
Os espaços renovados do Lugar do Castelo, no Centro Histórico de Gaia, cujos projetos de arquitetura foram desenvolvidos pela Divisão de Reabilitação Urbana da Gaiurb, entre 2018 e 2021, foram integrados no roteiro do Open House.
As visitas foram organizadas em dois grupos de visitantes que começaram o seu roteiro na rua Pereira da Costa, junto à primeira ligação mecânica, subiram até ao largo do Castelo - o ponto com cota mais elevada - e terminaram a meia encosta, no edifício do Lavadouro e Balneários Comunitários.
A ‘Intervenção Integrada do Castelo de Gaia’, promovida pelo município de Vila Nova de Gaia, tem como principal objetivo alavancar a regeneração deste núcleo através de diferentes projetos na área social, na área da mobilidade e na área da habitação por forma a criar condições favoráveis à fixação da população e à melhoria da qualidade de vida dos seus habitantes.
Esta intervenção pressupõe a reabilitação do espaço público (obra concluída); a introdução de um percurso mecanizado desde a marginal de rio até ao largo do Castelo, à cota alta (obra em fase de conclusão); a reabilitação e transformação de um edifício de habitação unifamiliar em duas frações habitacionais para colocar no programa de arrendamento acessível (obra concluída); e a reabilitação do edifício do lavadouro e balneários comunitários (obra em fase de conclusão);
Todos os projetos foram objeto de candidatura, no âmbito do PEDU, ao programa de financiamento Norte 2020, fundo FEDER, e beneficiaram de uma taxa de comparticipação de 85%.
A zona do Castelo é uma zona classificada como imóvel de interesse público e encontra-se dentro dos limites da área Centro Histórico e está também dentro dos limites da Zona Especial de Proteção (ZEP) do ‘Centro Histórico do Porto, Ponte Luiz I e Mosteiro da Serra do Pilar’ – classificado como Património Mundial da UNESCO.
O seu valor reside, acima de tudo, no facto de ser o local onde surgiram os primeiros vestígios de ocupação humana concentrada em Vila Nova de Gaia.
Por isso, o município criou, a par dos projetos da Intervenção Integrada, o Programa de Salvaguarda Arqueológica, coordenado por uma pequena estrutura técnica cujas funções são coordenar os trabalhos arqueológicos, assessorar o dono de obra (câmara municipal) nas matérias relacionadas com a salvaguarda do património encontrado e, por fim, organizar, estudar e atualizar todo o conhecimento histórico-arqueológico do Castelo de Gaia.
Encostas do Douro
A inclusão do projeto das Encostas do Douro no roteiro desta 9ª edição do Open House permitiu a visita a alguns espaços de uma área que abrange 20 km de margem ribeirinha, 1.960 hectares, correspondente a 12% da área total do município de Gaia, que incide em parte das freguesias de Santa Marinha, Oliveira do Douro, Avintes, Olival, Crestuma e Lever. Esta área inicia a 6 km da foz do Rio Douro, na zona da Escarpa da Serra do Pilar, junto à Ponte Luiz I, e prolonga-se até ao limite administrativo do concelho, na freguesia de Lever.
As Encostas do Douro são áreas de extrema importância paisagística e ambiental com valores patrimoniais a preservar e, por isso, foram objeto de delimitação como Área de Reabilitação Urbana (ARU), cujas obras de requalificação ambiental têm sido realizadas e programadas na frente ribeirinha do rio Douro contribuindo para a regeneração e revitalização urbana.
O projeto das Encostas do Douro encontra-se em execução através da Equipa Multidisciplinar de Projetos Estratégicos (UMPE) da Gaiurb que, desde 2019, tem desenvolvido projetos de reabilitação de espaço público de áreas verdes e de habitações nos núcleos ribeirinhos, assim como ações de educação ambiental.
No total, o projeto Encostas do Douro realizou já 6,7 quilómetros de requalificação paisagística, numa extensão de 20 quilómetros de frente ribeirinha; melhorou 1,9 quilómetros na extensão de areinhos e areais fluviais; construiu e/ou reabilitou 21 cais de embarque; regenerou 6 núcleos ribeirinhos antigos; e interveio em 797 hectares da Estrutura Ecológica Municipal e em 594 hectares de Reserva Ecológica Nacional.
Nesta área, foi visitada a ligação Quinta dos Cubos – Cais do Esteiro, na qual foram executados muros de suporte que permitiram a criação de uma plataforma ciclo-pedonal, acompanhada por uma guarda-metálica, obras de drenagem das águas pluviais e das nascentes, bem como construção de escadas que possibilitam o acesso pedonal ao rio, e dos atravessamentos das duas linhas de água existentes.
O roteiro permitiu também a visita à ligação Ponte do Freixo – Quinta dos Cubos, onde foram executadas obras de construção de muros, plantação de espécies ripícolas para contenção da margem, formalização de vias para ligação ciclo-pedonal e a reabilitação de rampas e dos pequenos cais, outrora associados às Quintas. Procedeu-se, igualmente, à requalificação de edifícios nos Núcleos Ribeirinhos, designadamente o Lugar do Esteiro e do Espinhaço, a reabilitação dos espaços públicos das áreas envolventes, incluindo a remodelação das infraestruturas, no âmbito do PEDU - Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano.
Estas requalificações surgem no seguimento da aposta do Município na definição de uma Estratégia de Regeneração Urbana de estímulo à recuperação do património edificado e à requalificação do ambiente urbano para o concelho. Salienta-se a importância destas intervenções, não só́ pela reconstrução do património em ruínas, como também pela requalificação do espaço público, dotando-o de novas infraestruturas que servem de estímulo ao setor privado para a regeneração urbana, preservando a sua história e a identidade dos lugares e núcleos de referência.
As restantes obras visitadas em Vila Nova de Gaia foram o Parque de S. Paio, o Lavadouro Público da Afurada, a Capela de São José, a Ponte de S. João, o Laboratório Eng. Edgar Cardoso, a Torre MEO, os Estúdios RTP, Vila d’Este e a Orla Marítima /Ribeiras de Gaia.
A edição deste ano do Open House Porto associou-se às comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974. Sob o tema «50 Anos a Construir a Liberdade», o OHP teve a curadoria das arquitetas Teresa Novais e Margarida Quintã e envolveu também, como é habitual, as cidades da Maia, Matosinhos, Porto.